Jurema Catimbó. Magia e Conhecimento.

 

Jurema Catimbó. Magia e Conhecimento.

A Religião que surgiu no Nordeste Brasileiro.

Origem:
A Jurema Catimbó é uma religião que surgiu nas regiões das matas de Pernambuco, Recife, Olinda, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Bahia. As crenças Indígenas se misturaram com os Kilombos e a pratica de Bruxaria Portuguesa e o Catolicismo. Pesquisadores afirmam que esta tradição chega atingir mais 400 anos de Idade.

Falar sobre a reconstrução da Jurema e Catimbó, é um pouco mais complicado. Meus Padrinhos Mestres Juremeiros, os meus mais antigos me contam que Jurema é uma coisa, e o Catimbó é outra, são coisas totalmente distintas, com o passar dos anos estas duas práticas se uniram, formando assim a Jurema Catimbó como é conhecida em todo o nosso Brasil.

A Jurema tem sua raiz na Pajelança, onde só os Mestres Juremeiros (Espíritos) baixam, são espíritos encantados dos Nativos (Indígenas), Caboclos descendentes de Índios com o Branco, e os Mamelucos (mistura de brancos com negros ou Nativos), todos trabalham em nome do Astral superior, trabalham para o bem, realizando benzessões e curas miraculosas.

Jurei, Jurei,
Jurei Torno a Jurar (bis)
Jurei por toda Jurema.
Jurei torno a jurar
Jurei por toda jurema de Nunca fazer o Mal

O Catimbó segundos os mais antigos, era a prática de feitiçaria ou baixa magia. Por ter uma ligação maior com a Bruxaria Portuguesa. Existia transe de alguns Mestres Juremeiros e Mestres da Magia que faziam o bem e o Mal, coisa proibida dentro da Jurema. Faziam trabalhos de Amor, derrota de inimigos e todo tipo da arte negra.

Padrinho me conta que se antigamente você fosse, em uma sessão de Jurema e fala-se que você era Catimbozeiro, dava até briga. Seria como se o bem e o mal estivessem juntos, obviamente viria a pergunta o que você esta fazendo aqui…

Com o passar dos anos estas duas práticas distintas se unificaram, hoje em dia não tem como falar de Jurema sem falar do Catimbó, e vise versa.

A Influência da Pajelança Juremeira, Cultura Nativa Brasileira, dentro da Jurema Catimbó:

Graças ao nosso bom Deus, tive a oportunidade de estar aprendendo a Jurema Catimbó assim como a Pajelança Juremeira e o Tore de forma muito pura. O meu encontro com o Pajé Cacique Takai da Tribo kariri-Xoco do Pátio do Colégio de Alagoas, confirma a origem da Jurema Catimbó, as Tribos Indígenas assim como os Negros dos Kilombos, se embrenhavam nas matas fugidos dos colonizadores que queriam escravizar e recapturar os índios e negros.

Por muitos séculos, a Jurema Catimbó assim como outras manifestações religiosas e culturas eram praticadas dentro da mata, as escondidas, por causa da perseguição da Policia por questões Políticas e Religiosas.

Após muitos esforços, dos Iniciados Mestres Juremeiros, as primeiras tendas Juremeiras se instalaram nas casas dos fieis, que bravamente brigavam pelo direito de praticar sua religião, para facilitar a prática elementos da Religião Católica como Santos foram inseridos nos cultos de origem Juremeira Nativa.

Começou a se criar a necessidade de trazer o elementos da natureza para lugares fechados, dos Kilombos ou da cultura Africana vieram técnicas de preparar os Troncos de Jurema para os assentamentos ou firmeza dos Mestres Espirituais Juremeiros. Começa então a baixar os primeiros Mestres Juremados de descendência Africana, ou mestiços dentro das Tendas de Jurema Catimbó. A Bruxaria Portuguesa e Italiana também aporta no Brasil, como estas artes mágicas eram praticadas dentro das matas, as Bruxas e Bruxos Europeus acabaram se integrando aos perseguidos Nativos, Africanos e seus descendentes, trazendo elementos desta antiga e primitiva arte para junto da Jurema e Catimbo.

A Tradição Juremeira também adentra nos Candomblés de Pernambuco, que ficaram sendo conhecidos como Candomblé de Caboclo, e comum também, os Candomblés de Nagô, Xangô e Angola, tocarem seus tambores e fazerem festas para Caboclo, tamanha é a influência e a amizade que os ancestrais dos negros escravos fizeram com os Nativos Brasileiros, reconhecendo sua força, brilho e sabedoria. Muitos Babalorixas e Yalorixas também são iniciados na Jurema Catimbo, receberam Juremação (iniciação). Foi através desta amizade que também os sacerdotes de cultos Afros, conseguirarm adaptar muitas ervas que só existem em África dentro dos Cultos Afro-Brasileiros.

Se molda assim a Tradição Juremeira Catimbo, a união de varias culturas, esta bonita mistura do nosso belo povo. Tem um Linho (cânticos) que mostra bem a sabedoria popular dos praticantes desta Seita Religião.

Eita, Eita Jurema
Eita, Eita Jurema (bis)
Seja branco
Seja Negro
A Jurema é Sagrada
No Tore na Pajelança
Aprendi a Respeitar
No Reino da malandragem
Do Anjico do Juca
Pedra Grande Mais que Grande
No Reino do Fundo Do Mar
Eita, Eita Jurema
Eita, Eita Jurema (bis)

Os vários Significados da Jurema Sagrada:

Jurema é um Pau Sagrado
onde Jesus descansou,
da força a ciência ao bom mestre Curador

Ramificações da Jurema:
Segundo José Francisco Miguel Henriques Bairrão, da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP a Jurema possui muitas ramificações, veja texto adaptado por mim para melhor compreensão popular:

“” Jurema é uma árvore. A sua identificação botânica, permanece relativamente indefinida. Pertence aos gêneros Mimosa, Acácia e Pithecellobium (Sangirardi Jr, 1983, citado por Grünewald, 1999a), existem outras denominações populares de várias árvores de Jurema (Preta, Branca, Vermelha, etc.).

Jurema é uma bebida. Extraídas de partes especificas da arvore de Jurema, nem sempre as mesmas (as mais referidas são a Mimosa tenuiflora e a Mimosa verrucosa), obtém-se um líquido de uso religioso e medicinal. As fórmulas do seu preparo, os tecidos vegetais utilizados e as dosagens, assim como a combinação com outros ingredientes, são variáveis. O segredo do preparo da bebida de Jurema Sagrada tem uma variação de um Mestre Juremeiro para outro.

Jurema é uma cerimônia religiosa (diversamente celebrada por índios ou caboclos) , aonde os bebem a Jurema Sagrada e comungam a bebida. Às vezes distinguida como uma religião específica no complexo cenário da espiritualidade brasileira, mais comumente o culto da Jurema apresenta-se difuso em práticas religiosas nas quais pode ter um papel mais ou menos central: Pajelança, Toré, Catimbó, Umbanda, Candomblé de Caboclo, Nago etc.

Jurema é uma “entidade” espiritual que se manifesta no transe de adeptos dessas religiões. Ou uma classe, um tipo de “entidades”, havendo muitas Juremas. A Jurema que se manifesta nesses cultos pode caracterizar-se de maneira bastante variada em diferentes práticas e em diversos núcleos da mesma religião. Às vezes, a sua caracterização pode ser diversa no mesmo núcleo, ou até mesmo Juremas diversas podem incorporar na mesma médium.

Jurema também pode ser o local de culto e oração: a mesa da Jurema Catimbo ou o “congá” Umbandista. Alguns Candomblés principalmente o de Caboclo e Nagô, tem um canto reservado para a pratica da Jurema Catimbó.

Jurema é o “mundo espiritual” de onde provêm os encantados (espíritos muito evoluídos, que não fazem mais parte do proscesso de reencarnação) que se manifestam nas sessões.

Jurema é o “plano espiritual” dos espíritos cultuados na difusa “espiritualidade brasileira”, que se apresentam como índios.

Jurema é uma índia metafísica. Atende pelo nome de Jurema uma apresentação antropomórfica do sagrado florestal. Em rituais, convivem, a bebida e a “cabocla” do mesmo nome. Una ou duas?

Jurema pode ser uma “linha”. A “linha” das “caboclas de Oxossi” (antropomorfoses femininas de epifanias florestais, “encantos da mata”). É uma e múltiplas.

A linha da Jurema pode não se restringir à “falange” de “espíritos da mata femininos”. Há “espíritos masculinos” que são juremeiros.
Não obstante sertaneja e planta, a Jurema é hoje associada a caboclas da água e especialmente do mar (conforme o som “juremar” e a significância da cor comum ao oceano e à mata).

Jurema é um objeto. Pintura ou estatueta de uma índia, com traços que podem variar – as suas apresentações icônicas estão longe de serem tratadas como meras representações – na prática ritual, podendo receber a atenção, cuidado e respeito devidos à própria “realidade”.

Mas a sua imagem não necessariamente se corporifica em objeto material. Pode ser aparição objetivamente percebida por “videntes”, com a mesma qualidade da percepção de uma pessoa comum, como pode igualmente surgir como uma “imagem mental” parecida com as cenas oníricas, dela se distinguindo por acontecer em vigília e por outros sinais que variam bastante de informante para informante (eventos concomitantes como cantos de pássaros ou vôos de borboletas, nitidez da imagem, “avisos” e “confirmações” etc.).

Jurema é uma cidade. A cidade da Jurema, uma cidade do Além. Mas muito concretamente a cidade da Jurema pode consistir numa coleção de copos e taças com diversas bebidas que, com fins rituais, se assentam na “mesa da Jurema”; bem como pode ser uma juremeira (árvore) ou um juremal.

Jurema é a mata. A cidade da Jurema pode alargar-se do juremal à totalidade e variedade da floresta, no seu conjunto.

Jurema é um tronco (de juremeira). Um galho que ritualmente marca um ponto de sacralidade no lugar do culto. Mas o tronco do juremal também é o lugar de onde vêm os caboclos e mestres do seu culto, o que é literalmente verdadeiro: mais do que uma figura de linguagem, a Jurema ingerida comumente é preparada a partir da casca do tronco (ou da casca da raiz).

Nos pontos, reitera-se assiduamente que a Jurema é um “lugar” de onde se vem ou para onde se vai. Vários pontos cantados o expressam, preservando uma ambigüidade significativa do outro como eu: Eu venho de longe, do tronco do juremal. Quem vem? O caboclo índio étnico? O praticante do culto que realiza o ritual? O “guia” que “incorpora”? O Outro ou eu? Como a Jurema poderia representar-se, se se indetermina o sujeito relativamente ao qual ela se objetivaria?

Essas árvores, troncos e espiritualidade também são um sinal diacrítico da identidade étnica indígena. A Jurema é um traço significante que delimita o “ser” índio. No século XX, a perpetuação do seu culto (depois de meio milênio de perseguições) passou a ser um modo de reconhecer a etnia e processos de aculturação se inverteram em processos de etnogênese. Não apenas o Serviço de Proteção ao Índio (antecessor da FUNAI) o adotou como critério de reconhecimento de comunidades indígenas (o que paradoxalmente incentivou a preservação ou reinvenção do uso, a fabricação de tradições), como remanescentes de tribos indígenas competem entre si para se demarcar do culto caboclo e para preservar o segredo e afiançar a fidelidade dos seus ritos à origem, assegurando-se uma “pureza” étnica (Grünewald, 1999b).

Quimicamente, a Jurema (Mimosa tenuiflora) apresenta um alcalóide da família dos alucinógenos indólicos (Carlini & Masur, 1989; Graeff, 1984). Mas a dimensão de sacralidade do seu consumo passa ao largo da descrição bioquímica dos seus efeitos e ambas são incompatíveis e verdadeiras à sua maneira. Por um lado, nem sempre as dosagens e os modos de consumo ritual que “abrem os encantos” seriam capazes de explicar as alterações de consciência por eles provocados. Por outro, quando se examina a Jurema por uma perspectiva estritamente simbólica, descobre-se que os pretensos símbolos universais nela envolvidos são realmente significáveis a partir de procedimentos muito particulares e de ações rituais, neurofisiologicamente eficientes.

Historicamente, o uso indígena da Jurema não foi meramente ritual e religioso. Perseguida pela piedade romana enquanto meio de cura, a Jurema foi tolerada quando ingerida em ocasiões de guerra (Andrade & Anthony, 1998). Os juremeiros são também guerreiros, histórica e miticamente falando e, certamente, não é à toa que, na sua versão antropomórfica, a Jurema possa se fazer acompanhar de flecha e bodoque.

Mesmo entre as comunidades indígenas que a empregam diacriticamente como seu distintivo, a “pureza” étnica professada manifesta-se sincreticamente. A palavra anjucá significaria “anjo cá” e o vinho da Jurema seria o verdadeiro sangue de Cristo, pois quando foi derramado teria sido guardado junto a um pé de Jurema (Grünewald, 1999a).””

Bastide (1945/2001) relata que os poderes associados à Jurema e que a distinguem das outras árvores são atribuídos pelos catimbozeiros ao fato de a Virgem, na fuga para o Egito, ter escondido o menino Jesus numa juremeira. A árvore “guarda” a Sagrada Família (Brandão & Rios, 2001) e, entre as mais importantes “falanges de espíritos” que a acompanham, incluem-se os caboclos do Rei Salomão (Carlini, 1993).

A Pajelança Jurema Nativa possui um conhecimento e uma tradição Milenar, segundo o Natavo Taki Cacique Pajé da Tribo Kariri Xoco, os seus ancestrais possuem esta cultura e religião, esta crença acompanha seu povo a milenios.

Autor: Alberto Junior.
Mestre Juremeiro, Babalorixa, Xamã e Terapeuta Holístico.{jcomments on}

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