CRIAÇÃO DO MUNDO SEGUNDO IFA – Parte 02

 

CRIAÇÃO DO MUNDO SEGUNDO IFA – Parte 02

 

 

Nunca devemos esquecer as recomendações que Orumilá costuma dar, para que as más influências não afetem nosso espírito com a desgraça. Porque ainda que tentemos nos esconder numa roupagem de santidade os maus pensamentos, o que ganhamos ou perdemos nos dá a realidade dos méritos adquiridos. Ainda que as entidades possam ajudar a prosperar, é importante tomar muito cuidado para que sua influência não absorva a pessoa por completo.
 

Por isto dizemos que, para resolver problemas nobres, trate Exu com respeito. Não faça pacto com as forças do mal para não cair em suas redes. Não imite os defeitos das entidades superiores, eles sofrem as calamidades da vida material, foram criados com propósitos diferentes e gozam da felicidade de seus planos celestiais. Se deixar crescer em você a maldade, corre o risco de, ao morrer, ter seu espírito afastado do conhecimento universal, convertendo-se em mais um instrumento das entidades malévolas.




Para criar a natureza mineral primitiva, desceram ao planeta, em grupos de sete, as divindades maiores misturadas com as entidades menores. Foram sete as vibrações fundamentais. Desceu Olokun para dar forma aos picos e aos oceanos, e Orishaoko para levantar as terras do fundo dos mares. Xangô criou a atmosfera e as nuvens com suas cargas elétricas. Ogum elaborou os minerais e esculpiu as montanhas. Yemanjá recortou as costas, atuando no equilíbrio terra-mar. Oxum deu lugar aos rios, aos mananciais e a todas as águas doces. Oroinha (Agayu) dominou os fogos centrais da esfera terrestre e manteve o controle dos vulcões.
Desceram, em seguida, outros grupos de entidades maiores que criaram as estações, segundo a posição do planeta, assim como a rotação da terra e da lua, dando origem aos mares, aos dias e às noites. Estas entidades utilizaram diversos elementos das rochas, das águas e do ar para criar os reinos animados, a partir da natureza morta. Os vegetais e os animais, seres que possuíam a capacidade de reprodução, modelaram, durante milênios, todas as suas variantes. Aos poucos, foram executando sua tarefa e eliminando uma forma de vida para construir outra mais complexa, dando origem à enorme diversidade que, atualmente, constitui estes reinos.
As divindades fizeram com que as plantas se prendessem ao solo, tornando-se fixas, e que os animais se movimentassem pelo ar, água e terra e utilizassem os vegetais como alimento. Os elementos ficaram constituídos como uma presença vital para estes reinos. Assim, a água permitiu a vida material, o ar contribuiu para o equilíbrio vegetal-animal e foi o veículo do hálito de OLOFIN; o fogo assumiu o papel de destruir e revigorar durante o processo de mudanças e OLORUN foi quem forneceu a energia vivificante.
Estas divindades ficaram a cargo do que haviam criado, se distribuindo, segundo suas características vibratórias, pelas múltiplas riquezas do planeta. Tudo isso foi testemunhado por IFÁ.



Dentro desse processo, desceram ao plano terrestre os três grandes benfeitores da Humanidade: ODUDUWA, IFÁ e OBATALÁ. O primeiro tomou parte da legião de espíritos, que se encontravam próximo, e os instruiu para a tarefa que teriam daí em diante. IFÁ modelou um corpo de muito pouca densidade, semelhante ao físico, que pertenceria a nova espécie, em fase de criação. Cada espírito, instruído por ODUDUWA, ocupou um dos corpos astrais elaborados por IFÁ; com essa morada semimaterial, começaram a vagar sobre a terra, como fantasmas.
Neste momento, OBATALÁ começou a elaborar um nova espécie , destinada a superar os outros animais. Para tanto, combinou os elementos evolutivos necessários, dando forma ao ser humano: duas pernas para sustentá-lo firmemente na posição vertical, própria de um rei; dois braços fortes para que pudesse dominar as outras espécies; um coração grande e forte dentro de um peito poderoso, capaz de proteger a força vital; uma cabeça em cima, com os melhores sentidos, para observar e perceber tudo à distância; um complexo mecanismo de nervos, músculos e fluidos, ficando, assim, consumada a obra do grande construtor do homem.



Terminada esta obra de OBATALÁ, ODUDUWA completou a criação, atribuindo um espírito com seu corpo astral a cada um daqueles reis de OBATALÁ. Estava criada a interação entre o físico e o espiritual, que os ajudou a despertar os sentidos e desenvolver o instinto. IFÁ, que ajudou a executar e testemunhou tão maravilhosa obra, transmitiu a ORUMILÁ a verdade dessas realizações, anotadas nos signos do livro sagrado, para que o conhecimento da criação humana chegasse até os dias de hoje.
Uma vez que o grupo dos espíritos ficou a cargo dos seres humanos e se iniciou a interação corpo-espírito, revelou-se a importância do periespírito criado por IFÁ, pois o espírito desprendido de OLOFIN, com sua imensa vibração, não podia manifestar-se diretamente no plano vibratório do homem animal. IFÁ já tinha resolvido esta contradição quando modelou um corpo astral com vibrações intermediárias, para ajudar na formação do novo ser.
Podemos afirmar, então, que, desde o princípio, o homem se formou com três corpos: o físico, o seu duplo astral e seu espírito, graças a vontade de OBATALÁ, de IFÁ e de ODUDUWA. Porém IFÁ, com sua sabedoria infinita e clarividência, preparou o corpo astral para diversas funções, que são explicadas em diferentes signos, de acordo com a instrução que ORUMILÁ recebeu de IFÁ. Por isso, o homem comum deve aprender os ensinamentos de ORUMILÁ para adquirir sabedoria e o ignorante não deve desprezar o que desconhece, para não aumentar sua ignorância.
Há que aprender sobre a evolução material, pois primeiro as vibrações de energia se acalmaram, tomando formas cada vez mais densas, até chegar à matéria. A quem interessar, este pode ser o ponto de partida para elevar, novamente, a vibração do pensamento e entrar em harmonia com o infinito.
Quando nasceu o duplo astral, ou periespírito, por iniciativa de IFÁ, resultado da união do corpo físico com o espírito que o domina, este teve, entre outras funções, a de permitir ao ser humano alimentar-se da energia vital de OLOFIN. Neste tempo não existia a morte, não se concebia que o criado tivesse um final, o que acontecia, também, com o periespírito. Porém, quando se estabeleceu a morte, pondo fim à vida do corpo físico, o duplo astral, com seus atributos tanto do espírito quanto do corpo material, continuou a existir, além deste último, por um tempo mais ou menos prolongado, de acordo com a influência de uma parte ou outra parte sobre ele. No homem espiritual, o periespírito morre prontamente, enquanto no homem apegado aos assuntos vulgares da vida terrena ele fica vagando pelos espaços escuros, ignorante de seu destino. Ele impede, então, que seu espírito faça a viagem a LIFÉ OORE, a morada onde descansará da missão cumprida, ainda que, mais cedo ou mais tarde, sempre fosse seguir este caminho.
Irmãos, quem tenha vidência para contemplar as formas invisíveis às pessoas comuns, aprenderá a distinguir entre o espírito de luz e as entidades malévolas. O mesmo pode acontecer com os duplos astrais que, sem objetivo determinado, vagam pelo espaço, pois não tendo os atributos físicos necessários, perderam a coerência do pensamento e, muitas vezes, servem de instrumento às entidades malévolas. Tudo isto é o que ORUMILÁ recebe por inspiração de IFÁ, ficando devidamente registrado no livro sagrado.
A irradiação espiritual se realiza enlaçando o corpo físico através de seu duplo astral. O espírito flutua toda a vida ao redor do corpo; esta é sua pequena morada, onde permanecerá um certo número de anos, lutando para lhe transmitir a mensagem do que não morre. Mas o homem comum não recebe muito dessa irradiação. Quando age de forma incorreta, uma voz que vem de dentro e que, geralmente, é chamada de voz da consciência – e que, na realidade, é o seu espírito vem lhe dar conselho. Afinal, quem melhor que a própria pessoa, elevando seu pensamento, para se aconselhar? Quem irá gostar mais de você do que você mesmo?
Por isto, homem comum, tenha a preocupação em se superar. Homem sábio, empregue sua inteligência na meditação sobre estes mistérios para que possa atingir a qualidade de santo. Continue subindo na hierarquia de IFÁ, pois as virtudes fortalecem o espírito constantemente, cobrindo o corpo com uma couraça astral, impenetrável aos maus pensamentos e a toda vibração negativa.
E se você conseguir somar às virtudes dos conhecimentos que ORUMILÁ lhe transmite, poderá conhecer a verdade muito antes da morte do corpo. Poderá compreender as experiências passadas para enfrentar o futuro com êxito. Não será torturado pelo medo e pela incerteza. Quando morrer, seu espírito, já livre de limitações, irá prestar contas diretamente ao poder do infinito.
Tudo isso é parte das lições que IFÁ, o benfeitor, ditou, milênios atrás, para os homens.

Fonte: Rafael Zamora Díaz Oni Shango, Oba Koin.
Awo Orumilá, Ogunda Kete.

Extraido do site: http://www.ifaon-line.blogspot.com.br/

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