Introdução a Cultura Afro-Brasileira. Parte II.

Introdução a Cultura Afro-Brasileira.

Parte II.

A história conta que nas remotas origens, Olódúmarè e Òrìsànlá estavam começando a criar o ser humano. Assim criaram Èsù, que ficou forte mais difícil que seus criadores:

“Èsù si le ju àwon mejeli lo”.

Veja o que a Historia do Odù (signo) Ogbè diz quando apareceu para Orúnmìlà:

Níjó ti nlo rèé tóro omo,
Lódó Òrisà igbò-wújì.
No dia em que ele foi requerer uma criança
A Òrìsà Igbò-wúji (Òrinsàlà).

Olódùmarè enviou Èsù para viver com Òrìnsàlá; este colocou-o à entrada de sua morada e o enviava como seu representante para efetuar todos os trabalhos necessários. Foi então que Òrúnmìlà, desejoso de Ter um filho, foi pedir um a Òrìsànlá. Este lhe diz que ainda não tinha acabado o trabalho de criar seres e que deveria voltar um mês mais tarde. Òrúnmìlà insistiu, impacientou-se querendo a qualquer preço levar um filho consigo. Òrìsàlá repetiu que ainda não tinha nenhum. Então perguntou:

 

“Que é daquele que vi à entrada de sua casa?”

 

”É aquele mesmo que ele quer. Òrìsalá lhe explicou que aquele não era precisamente alguém que pudesse ser criado e mimado no àiyé (terra). Mas Òrúnmìlà insistiu tanto que Òsàlá acabou por aquiescer. Òrúnmìlà deveria colocar suas mãos em Èsù e, de volta ao àiyé, manter relações com sua mulher Yebìirú, que concebera um filho. Doze meses mais tarde, ela deu a luz um filho homem e, porque Òsàlá dissera que a criança seria Alágbára, Senhor do Poder, Òrúnmìlà decidiu chamá-la Elégbára. Assim desde que Òrúnmìlà pronunciou seu nome a criança, Èsù mesmo respondeu e disse:

Todos os meus filhos Esus, que habitam os noves Orun (aléns), seriam seus representantes e Òrúnmìlà poderia consultá-los cada vez que fosse necessário enviá-los a executar os trabalhos que ele lhes ordenasse fazer, como se fossem seus verdadeiros filhos. Èsù assegurou-lhe que seria ele mesmo quem responderia por meio dos dos seus assentamentos, cada vez que o chamasse.”

Vimos a importância do Orixá Orunmila-Ifá no panteão dos Deuses da cultura Yoruba.

Seus títulos:

Elérìí Ìpìn – Testemunha dos destinos.

Alátúnse Aìyé – O que coloca o mundo em ordem.

Tbikeji Ìpin – Testemunho de Deus.

Para se cultuar Ifá, tem que se cultuar Esú e vice-versa, não existe um sem o outro.

Esú é o mensageiro, o portador do Àsè (força), e ele foi a primeira estrela criado por Olodumaré.

Os Orixás governam as forças da natureza; água, ar trovão etc., assim como a vida, e o destino dos seres humanos.

São como os Deuses das outras culturas; são caprichosos, amam, odeiam, beneficiam e castigam, curam ou perseguem com doenças, fazem-se respeitar as vezes pelo o caminho da dor. Cada um deles possuem suas cores, comidas, animais, ervas, toques, suas danças, preferências e as antipatias e ai daquele que, devendo-lhes obediência, os irritar!!!

O culto dos Orixás seja ele de Camdomblé de nação (Ketu, Jêje, Angola, Nagô) ou do Culto de Ifá, o panteão dos Deuses e Deusas Africanas não estaria completo sem Orunmila (Ifá) e Esú. Òrúnmìlà traz a palavra dos Òrisà e, se preciso, de Olodumaré, enquando o Orixá Esú leva os pedidos dos seres humanos á grande corte celeste. E é este mecanismo que assegura a comunicação entre o Orun (Céu) e o Aye (terra).

O Yoruba acredita que os Orixás estão em um plano superior a nós mortais. O corte Real dos Deuses Yoruba os Orixás jamais tratavam diretamente com os suplicantes, que eram obrigados a fazer suas solicitações e serviços de um intermediário, tanto para poder pedir como para obter resposta. A regra do sistema e igual a realeza Africana.

O sistema oracular de Ifá não é um simples instrumento de adivinhação. O futuro iniciado tem que se preparar para isto, o Ori (cabeça) a nossa sede de existência tem que ser preparado, Esú terá que ser assentado, talvez outros Orixás deverão também ser cultuados, desde que seja determinado pelo jogo.

Quando o Sacerdote Joga, é Esú ou Orunmila responde qual o Odú (signo) esta atuando na vida da pessoa, saberemos o que tem de bom ou ruim no destino daquela pessoa. O Odú nos mostra as tendências, personalidade e o destino do consulente. Daí a importância de um bom preparo do sacerdote que ira consultar o sistema oracular de Ifá. Uma leitura do sistema oracular de Ifá, sendo este um objeto de adivinhação sagrada, pode ocasionar graves problemas na vida do consulente, caso a interpretação seja feita errada e o trabalho mágico prescrito por Orunmila seja feita para uma energia que não pertença a pessoa em questão. Já vi muitos pessoas procurarem supostos sacerdotes e perderem tudo, casa, casamento, emprego etc..

Quando Criamos Ifá para uma pessoa, fazemos com o objetivo de tentar acertar as coisas de sua vida. Quando interpretamos um Odú Eleda ou Orixá Eleda, estaremos trabalhando com o ancestral primeiro de origem e a matéria massa energia de origem da pessoa em questão, se a pessoa for do elemento fogo e trabalhamos com o elemento água, ocasionaremos um grande prejuízo para o consulente, daí a seriedade e a responsabilidade o Omo Awo (filho do Segredo). Se dermos um Odú ou um destino errado para o consulente estaríamos modificando o seu Karma ou Kadara aqui na terra. Sendo que os trabalhos mágicos que chamamos de Ebó, tem o objetivo de estabilizar as energias que no momento da vida da pessoa esta no seu aspecto negativo, daí imagine você colocar uma outra energia que não pertença a pessoa, com certeza ira acarretar grandes problemas.

A iniciação do culto de Orunmila-Ifá é diferente da iniciação no Candomblé, não a raspagem de cabeça para este Orixá, e não há o transe de possessão para as pessoas sagradas a Orunmila-Ifá (Oxalá). Os sacerdotes de Ifá se especializam na manipulação dos objetos sagrados de Ifá. O futuro Omo Awo (filho do segredo) passam pêlos seguintes aprendizados:

Genises Yoruba.

Adivinhação Sagrada de Ifá, Erindinlogun, Ifá-Opele etc.

 

Ewé, folhas sagradas e medicinais dos Orixás e Odùs. Ógun, Medicina Natural, magica e psicossomáticas.

Êsé Ìtân Ifá, Versos dos contos de Ifá.

Oriki, Orações e rezas.

Odùs, signos ou reinos, energias que está relacionada com o nosso Destino Pessoal, o nosso Karma.

Ebó Adimu, ebó significa Sacrifício, oferendas de comidas, sem sacrifício animal.

Ebó Orixá, Comidas especificas sem sacrifício animal.

Mitologia, enredo e as múltiplas qualidades dos Orixás. Ojubo, Igba Orixá, assentamentos, os altares de Culto e os lugares sagrados.
Os Ewo (quizilas). Proibições e razão de sua existência.

O culto a Natureza: Terra, Água, rios, riachos, o mar, arvores, vento e ao tempo.

Acima de todas as forças está Deus, Olódùmarè, a Suprema força criadora que dá a existência, a substâncias e ao crescimento às demais forças; os Orixás, e abaixo destes o Homem.

Todas as iniciações, obrigações até as oferendas ou trabalhos mágicos, visam atingir o Enikéji, o nome dado ao nosso Duplo. Enikéji do Yoruba, Eni – pessoa, Kéji – Segunda.

O Culto, Ifá-Orunmila e um sistema, religioso, científico e filosófico, que veio da Mãe África, bastante diferente do sistema afro-brasileira, Candomblés, que sofreram muitas modificações, alterações e vários sincretismos, excluindo é claro as casas de Ilé Ase Orixás que mantém as Tradições primitivas vivas, estas casas são chamadas no meio como Casas de Tradição de Orixás.

Após o retorno do culto de Orunmila-Ifá para o Brasil, o seu sistema também esta sofrendo alterações, os sincretismo também já foram feitos em algumas casas de culto de Ifá. Em Cuba o Culto de Ifá, há muitos anos já sofreram sincretismos e modificações da sua real essência.

Tudo ao Senhor na Santa Ciência.

Autor:: Babalawo Ifawotunde Alberto Junior.
albertojunior404@hotmail.com

Cursos e Atendimentos:

Jogo de Ifá Olokun (Buzíos), Opele Ifá.

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