EXU E ORUNMILÁ ORUNMILÁ E EXÚ ERAM AMIGOS – MAS DISPUTAVAM ENTRE SI O PODER

EXU E ORUNMILÁ ORUNMILÁ E EXÚ ERAM AMIGOS –

MAS DISPUTAVAM ENTRE SI O PODER….

    

Houve uma guerra na cidade de Ajala Eremi. Tendo isso chegado ao conhecimento de Exú, por seus seguidores que invocavam-no e pediam a sua ajuda, ele correu a Orunmilá para contar a novidade.

Orunmilá ficou curioso de saber como Exú já sabia da guerra, uma vez que a cidade era longe e parcos os recursos.
Exú, muito vaidoso, disse saber tudo, em virtude de seus poderes, e completou – “Vamos lá salvá-los”.

Viajaram juntos, e chegando à Ajala Eremi, ajudaram o povo a vencer a guerra, e foram reverenciados e louvados.

Na volta, Exú disse a Orunmilá – “Você vai ver, a minha magia é maior que a sua”.
Orunmilá riu, disse que seus poderes eram bem maiores, e disse também:

“Ki okunrin ma to ato rin
Ki obinrin ma to ato rin
Ki awo eni ti aso re yio rin”.

“O homem fica em pé e urina andando
A mulher fica em pé e urina andando
Vamos ver a roupa de quem fica molhada primeiro”.

Com essas palavras ele desafiou Exú.
Caminharam muito até que anoiteceu, e pararam em Ileto (pequena cidade baale – aldeia pobre).

Orunmilá pediu aos mais velhos pousada por uma noite para ambos.

O Rei permitiu que dormissem e determinou em que casa ficariam. No meio da noite, estando Orunmilá dormindo, Exú acordou bruscamente.

Exu saiu para o pátio, foi ao local onde as galinhas dormiam, agarrou o galo pelos pés, torceu-lhe o pescoço, arrancou-lhe a cabeça e enfiou no bolso. Fez uma ótima e solitária refeição com a carne e alguns inhames, pimentas, tomates e cebolas que achou nos campos, temperou tudo com óleo dendê, bebeu vinho de palma e completou com litros e litros de água fresca.
Voltando à casa, chamou Orunmilá, e disse -” Vamos embora depressa”. Orunmilá acordou estremunhado, e ainda tonto, achou que era de manhã, e seguiu com Exú pela estrada como bons amigos.

Em Ileto, assim que amanheceu, descobriram a morte do galo, a fuga dos hóspedes e o povo, revoltado, decidiu persegui-los. Juntaram os Ode (soldados). Correram atrás de Exú e Orunmilá e alguém lembrou que Exú usava uma roupa de búzios (símbolo de magia).

Exú sabia que o povo de Ileto e os soldados vinham em sua perseguição. Olhava para trás e ria. Falou a Orunmilá -“O povo vem aí, traz lanças, facas e soldados. Mostre a força de sua magia agora”. Orunmilá, sempre muito calmo, disse a Exú -“A mim não pegam. Eu adivinho que você matou o galo e comeu-o, porque o sangue pinga de seu bolso”. E disse “A ki gbo iku a fibi oba sa”. (“Não se pode ter má notícia da terra. Ela não morre”.)

Depois de proferir estas palavras mágicas, Orunmilá disse a Exú:

-“Agora você dá a solução”.

Exú sugeriu que subissem em uma árvore sagrada (ikin), de cuja madeira são feitos instrumentos para o culto, e esperassem para ver os Ode passarem. Os soldados e o povo viram o sangue, e revistando a árvore acharam Exú lá em cima, junto com Orunmilá. Alguns ficaram de guarda à árvore, enquanto outros foram buscar machados e facões para derrubá-la.

Quando começaram a cortar a árvore, Exú riu e disse a Orunmilá:

– “É agora! Vamos cair os dois, faça a sua magia, eu faço a minha e veremos qual o poder maior”.

A árvore caiu. Orunmilá se enterrou no chão e virou água. Exú bateu no chão e virou pedra.

O povo e os Ode procuraram e não acharam ninguém. O lugar virou uma grande confusão, com todos gritando e se acusando mutuamente.

Os que estavam sedentos, viram a água que era Orunmilá, beberam dela e se acalmaram.

Os que estavam cansados sentaram na pedra que era Exú e ficaram agitados.
E daí para a frente, dois tipos de pessoas se criaram no mundo, os calmos e os agitados. E todos que jogam Ifá (antigo sistema yorubá de adivinhação), têm que cultuar Exú e Orunmilá….!!!!…ASÉ .

Contribuição: Baba Cleber Ifá Orôdè

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